20 de nov. de 2011

CRISE DO IMPÉRIO – 1870 | 89


O ano de 1870 marca o início da crise do Império, que se prolongará até

a proclamação da República, em 1889.

Em verdade, no exato momento em que o tráfico negreiro foi proibido,

1850, já se poderia adivinhar as dificuldades para o regime, cuja finalidade

principal era manter a escravidão.

Ocorre que o sistema escravista impede o crescimento vegetativo da

população cativa. Escravo sempre morre mais do que nasce.

Portanto, o sistema escravista moderno era alimentado pelo tráfico

negreiro, deixando de se reproduzir com a sua extinção.

Vislumbra-se, pois, a médio prazo o fim da escravidão.

A aristocracia tanto enxergou isso, que no mesmo ano de 1850 aprovou

a Lei de Terras, que estabelecia que novas propriedades de terras só

poderiam ser adquiridas pela compra.

Essa forma, inédita no Brasil, onde desde as Capitanias Hereditárias, o

acesso à propriedade da terra se dava pela doação ou pela posse violenta,

visava garantir que, no caso de abolição da escravatura, os ex-escravos não

poderiam tornar-se proprietários. Previne-se uma eventual reforma agrária.

Por outro lado, a expansão da cafeicultura, passando do Vale do

Paraíba, onde continuava se baseando no trabalho escravo, para o chamado

Oeste Paulista, obrigava a que se pensasse em formas de complementação da

mão-de-obra escrava.

Muitas serão as discussões e experiências, com diferentes resultados,

mas a opção final se dará em torno da imigração européia.

É que o imigrante branco europeu, atendia a um ideal racista, esposado

pela elite econômica e também pelo que se poderia chamar elite cultural, que

atribuía nosso atraso à composição étnica inferior de nosso povo.

Esse arremedo de “darwinismo”, atribuía o progresso da Europa à

superioridade do homem branco, na escala da evolução da espécie humana.

Decididos pela imigração européia como solução para as necessidades

de complementação da mão-de-obra necessária à expansão cafeeira, resta

resolver o problema do financiamento da imigração.

É aí que se dá o nó entre a expansão econômica e a questão do poder

político.

O Império, escravista e centralizador, era um regime hegemonizado pela

aristocracia rural tradicional, especialmente nordestina.

Essa classe controlava as principais decisões políticas e econômicas do

regime, ainda que estivesse em decadência econômica, sobretudo se

comparada à ascendente burguesia agrária cafeicultora paulista.

Sendo assim, haverá o conflito entre o centralismo do Império, que torna

insatisfatória a imigração, e a descentralização, a autonomia, desejada pelos

cafeicultores, para agilizar a imigração.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.